Enfim, fui ao psicanalista. Resolvi dar mais uma chance a esse tratamento. Não vou mudar. Já mudei tanta coisa na minha vida. Tudo bem, as coisas não estão caminhando a passos largos, mas vou dar mais uma chance? A última chance? Não sei, não quero saber. Talvez eu nem precise de uma nova chance. Vou deixar as coisas acontecerem naturalmente. Tranquilo. Não vou me preocupar. Desarmado. Assim vou tentar.
E até que para o primeiro dia de tentativa eu fui bem. Fui ao psicanalista. Expus toda a minha preocupação com relação ao andar do tratamento. E, sobretudo, expus essa coisa de eu sempre desistir de tudo. Por isso, principalmente por isso eu resolvi tentar. E não quis focar só nas minhas dificuldades. Estava a fim de falar. Falei um pouco.
Depois, ainda desarmado, fui ao cinema. Tudo bem, até chegar lá, fiquei pesando coisas do tipo: mas será que vou ter que esperar muito tempo para assistir à sessão? E essa espera, como será? Mas como já havia ido a esse cinema, fiquei mais tranquilo. Comprei meia porção de pão de queijo, uma coca-cola e um chocolate. É, deixei a minha tentativa de fazer uma alimentação saudável de lado. Queria o pão de queijo? Acho que não. Mas fiquei sem graça de sentar e não comer nada. Enfim, ainda não estou 100% bem resolvido, né? Mas, depois de comer e beber, fiz uma coisa que queria ter feito há um tempo, fui até a livraria que fica no cinema. Entrei meio sem graça. Tudo me assustava na tal livraria: os livros, todos eles "cabeças", tá, vi livro de autoajuda, mas para mim, naquele momento só existiam os livros de arte, os clássicos e os de filosofia. Até os vendedores me assustaram. Fiquei com vergonha de perguntar sobre um livro que vi na vitrine. Então saí sem comprar nada, rapidamente, quase que com medo de ser observado. Como assim, entrar em uma livraria cult dessas e não comprar nada? Fui direto para a sala. Antes, passei no banheiro.
Chegando na sala, pronto, era só o que me faltava, uma mulher sentada no meu lugar. Mas, pasmem, com naturalidade, avisei a ela que aquele era o meu lugar. Ela ainda perguntou, contrariada, qual a fileira que eu queria sentar. Eu disse que havia comprado para a fileira E. Então ela levantou e disse o seguinte, comprei E 13. Eu disse, é do outro lado. Ela, mas eu prefiro esse lado, vou sentar aqui (ela sentou dois lugares depois de mim), se alguém reclamar eu levanto. Pronto, se fosse outra época eu ficaria achando que ela ficou irritada comigo. Mas não, olha só o que eu fiz, puxei assunto com ela! Sim, disse que estava impressionado com a faixa etária das pessoas que estavam ali para assistir "Lua Nova". Eu pensei que fosse encontrar o cinema lotado de adolescentes e encontrei senhores. Bom, fiquei sabendo que ela era professora de inglês etc. Achei o meu lugar muito na frente. Então levantei e fui pra outra fileira. Antes, avisei a ela. Ela continuou sentada, nem no meu lugar, que ela tanto queria, ela sentou. Acho que ficou esperando alguém reclamar, vai saber... E ninguém reclamou com ela e nem comigo. E o file foi um pouco cansativo, mas valeu.
Voltei com muito sono. É como se eu quisesse que algo tivesse acontecido. Mas é como se algo tivesse acontecido pela metade. Porque eu vi o filme, mas estava sem ninguém. Mas tinha tanta gente sozinha no cinema. Eu pensei, caramba, poderia sair daqui e jantar fora, mas não tinha companhia. Bom, mas antes de ir embora, passei na livraria outra vez, fui direto na parte de CDs. CDs assustam menos do que livro. Não tinha nenhum CD que eu realmente quisesse comprar. Mas acabei comprando dois. Não sei se por me sentir na obrigação de comprar algo, afinal de contas eu estava entrando pela segunda vez na livraria, embora os vendedores nem tivessem notado a minha presença, ou por causa do trânsito que eu iria pegar às 19h, hora da maldita Voz do Brasil. Na hora de pagar, o vendedor foi bem simpático. Nem me mordeu.
O tema foi debatido numa sessão sobre ‘Prevenção da Depressão na 3ª Idade’, que decorreu esta manhã no âmbito do V Congresso Nacional da Sociedade de Psiquiatria e Saúde Mental, no Sheraton Porto Hotel e Spa.
A população feminina será, à partida, o género mais atingido, uma vez que tem ao longo da vida maior tendência a sofrer de depressão. Relativamente ao aparecimento de novos casos, após os 65 anos, ambos os sexos apresentam o mesmo nível de incidência. Nesta fase as mulheres têm maior capacidade de resposta face ao diagnóstico uma vez que tem melhores redes sociais, são mais activas nas lides domésticas e mantêm-se produtivas, nomeadamente, no apoio à educação dos netos.
Para Manuel Martín Carrasco, «os familiares devem estar atentos aos sinais transmitidos, nomeadamente, nas mudanças de comportamento: desinteresse nas actividades anteriormente praticadas, má qualidade do sono, diminuição de apetite, perca de peso e isolamento».
Poema do Idoso