segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Psicanalista, cinema, livraria

Enfim, fui ao psicanalista. Resolvi dar mais uma chance a esse tratamento. Não vou mudar. Já mudei tanta coisa na minha vida. Tudo bem, as coisas não estão caminhando a passos largos, mas vou dar mais uma chance? A última chance? Não sei, não quero saber. Talvez eu nem precise de uma nova chance. Vou deixar as coisas acontecerem naturalmente. Tranquilo. Não vou me preocupar. Desarmado. Assim vou tentar.

E até que para o primeiro dia de tentativa eu fui bem. Fui ao psicanalista. Expus toda a minha preocupação com relação ao andar do tratamento. E, sobretudo, expus essa coisa de eu sempre desistir de tudo. Por isso, principalmente por isso eu resolvi tentar. E não quis focar só nas minhas dificuldades. Estava a fim de falar. Falei um pouco.

Depois, ainda desarmado, fui ao cinema. Tudo bem, até chegar lá, fiquei pesando coisas do tipo: mas será que vou ter que esperar muito tempo para assistir à sessão? E essa espera, como será? Mas como já havia ido a esse cinema, fiquei mais tranquilo. Comprei meia porção de pão de queijo, uma coca-cola e um chocolate. É, deixei a minha tentativa de fazer uma alimentação saudável de lado. Queria o pão de queijo? Acho que não. Mas fiquei sem graça de sentar e não comer nada. Enfim, ainda não estou 100% bem resolvido, né? Mas, depois de comer e beber, fiz uma coisa que queria ter feito há um tempo, fui até a livraria que fica no cinema. Entrei meio sem graça. Tudo me assustava na tal livraria: os livros, todos eles "cabeças", tá, vi livro de autoajuda, mas para mim, naquele momento só existiam os livros de arte, os clássicos e os de filosofia. Até os vendedores me assustaram. Fiquei com vergonha de perguntar sobre um livro que vi na vitrine. Então saí sem comprar nada, rapidamente, quase que com medo de ser observado. Como assim, entrar em uma livraria cult dessas e não comprar nada? Fui direto para a sala. Antes, passei no banheiro.

Chegando na sala, pronto, era só o que me faltava, uma mulher sentada no meu lugar. Mas, pasmem, com naturalidade, avisei a ela que aquele era o meu lugar. Ela ainda perguntou, contrariada, qual a fileira que eu queria sentar. Eu disse que havia comprado para a fileira E. Então ela levantou e disse o seguinte, comprei E 13. Eu disse, é do outro lado. Ela, mas eu prefiro esse lado, vou sentar aqui (ela sentou dois lugares depois de mim), se alguém reclamar eu levanto. Pronto, se fosse outra época eu ficaria achando que ela ficou irritada comigo. Mas não, olha só o que eu fiz, puxei assunto com ela! Sim, disse que estava impressionado com a faixa etária das pessoas que estavam ali para assistir "Lua Nova". Eu pensei que fosse encontrar o cinema lotado de adolescentes e encontrei senhores. Bom, fiquei sabendo que ela era professora de inglês etc. Achei o meu lugar muito na frente. Então levantei e fui pra outra fileira. Antes, avisei a ela. Ela continuou sentada, nem no meu lugar, que ela tanto queria, ela sentou. Acho que ficou esperando alguém reclamar, vai saber... E ninguém reclamou com ela e nem comigo. E o file foi um pouco cansativo, mas valeu.

Voltei com muito sono. É como se eu quisesse que algo tivesse acontecido. Mas é como se algo tivesse acontecido pela metade. Porque eu vi o filme, mas estava sem ninguém. Mas tinha tanta gente sozinha no cinema. Eu pensei, caramba, poderia sair daqui e jantar fora, mas não tinha companhia. Bom, mas antes de ir embora, passei na livraria outra vez, fui direto na parte de CDs. CDs assustam menos do que livro. Não tinha nenhum CD que eu realmente quisesse comprar. Mas acabei comprando dois. Não sei se por me sentir na obrigação de comprar algo, afinal de contas eu estava entrando pela segunda vez na livraria, embora os vendedores nem tivessem notado a minha presença, ou por causa do trânsito que eu iria pegar às 19h, hora da maldita Voz do Brasil. Na hora de pagar, o vendedor foi bem simpático. Nem me mordeu.

Depressão será abordada em novela da Globo

Vamos ver... Sempre fico apreensivo quando se trata de certos assuntos em programas como novela. Não é fácil abordar esse tema em uma novela. Mas, o fato é que a depressão entrará em "Viver a Vida" (Rede Globo), novela de  Manoel Carlos, de segunda a sábado, às 21h (hora de Brasília). Clique aqui e saiba mais.


Personagem de Babara Paz ficará depressiva

Energia renovada

Hoje acordei com a energia renovada. Uma vontade de sair, ver gente. Devo ir ao cinema mais tarde, depois do meu psicanalista. O fato é que, mesmo se eu não for ao cinema, não quero deixar essa chama se apagar. Quero pensar em coisas positivas. Ir curtindo a vida enquanto der. Ir seguindo o fluxo mental positivo. Ver as coisas com mais leveza.

Esse fim de semana foi agitado. Fui ao médico, visitar o meu avô, que fez uma operação. Foi um sucesso. Lá, minha avó veio com várias cobranças a meu respeito. Detalhe, na frente de uma prima que eu não tenho a menor intimidade. Eu abri o jogo, já que estava sendo exposto mesmo. Minha avó fez questão de dizer que tenho 30 anos e estou desempregado. Disse a ela que trabalhei desde os 17 e estou com uma doença chamada depressão. Falei tudo com a maior naturalidade. Senti, pelas expressões, tanto da minha avó, quanto dessa minha prima, que eu me expus. Elas ficaram pasmas, boquiabertas. Eu, que já sou escolado nesse tipo de cobrança e nesse tipo de comportamento que minha avó apresentou, resolvi continuar. Disse a essa minha prima que eu não tinha vergonha de dizer o que eu sentia, que era melhor encarar de frente os fatos. Ela concordou. Claro, foi chato ser exposto pela minha avó, mas já que ela estava fazendo cobranças, resolvi encarar numa boa. Acho mesmo que minha avó deveria se ocupar com a vida dela. Mas ela parece querer viver a minha vida. A minha vida, a vida dos meus irmãos, a vida dos filhos dela. Incrível como ela não percebe que, agindo assim, está afastando as pessoas do convívio com ela. Porque, na boa, quem é que vai querer conviver com uma pessoa que vive criticando os outros? Mas, por outro lado, ela jea fez tantas coisas boas pra mim... Quando eu fui expulso de casa, ela me abrigou numa boa. Eu sei que posso contar com ela para várias coisas. Então cabe a mim, me expor menos, falar menos de certos assuntos para ela e não me privar do convívio com ela. Digo isso, porque estou na dúvida se vou visitar o meu avô hoje, já que não estou disposto a ouvir cobranças que, podem, sim, prejudicar o meu estado de espírito.

O fato é que acordei bem, com vontade de viver. Agradecendo a Deus por tudo! Fiz uma alimentação saudável até agora. Conversei numa boa com a minha família. Estou feliz!

sábado, 28 de novembro de 2009

Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida...

Hoje foi um dia muito bom. Sabe quando tudo parece dar certo? Acordei com meu pai e minha irmã me convidando para almoçar com eles. Coisa rara. Detalhe: minha irmã havia chegado de viagem e bateu na porta do meu quarto para me dar um beijo. Coisa mais rara ainda.

Moro eu, meu pai e minha irmã. Tenho dois irmãos que não moram comigo. Minha mãe morreu há 10 anos. Mas parece que foi ontem, ainda não consegui me acostumar. Eu não fico chorando pela ausência da minha mãe. Acredito que isso faça mal a ela e, por isso, procuro encara a morte dela com naturalidade. Uma naturalidade espírita. Afinal de contas, daqui a pouquíssimo tempo, quando eu desencarnar, estarei novamente ao lado dela. Não quero atrasar  a evolução espiritual de minha mãe e compreendo que a morte não existe. É uma passagem. Então para que sofrer? Já perdi um grande amigo, anos depois de perder a minha mãe. Engraçado, parece que senti mais a dor da perda desse amigo do que a dor da perda da minha mãe. Uma vez, a mãe desse meu amigo me disse a mesma coisa. Ela me disse que, para ela, era como se ela sentisse mais a perda da minha mãe do que a do filho dela. Então deve ser uma espécie de defesa do nosso organismo, sei lá. Eu sei dizer que, após a morta da minha mãe, eu comecei a beber muito. Talvez para esquecer, vai saber.

Eu ficava na internet. Navegava no MIrc. Eu comecei a criar uma personagem. Essa personagem foi se tornando real. Era um ex-dependente químico. Ele tinha um filho. Eu fui acreditando tanto nessa personagem. O fato é que comecei a embarcar nessa "loucura". Levei a personagem para a cama e quase foi fatal. Eu comecei a beber muito. Uma garrafa de vodca por dia. Eu ficava doidão o dia todo. Acordava e, antes de ir pra faculdade, já estava alcoolizado. A percepção do mundo, tudo foi ficando diferente. Eu pensava no álcool. Depois pensava no que eu iria fazer. Se não desse para eu beber, simplesmente eu não ia. Fui escondendo da minha família isso tudo, não sei como. Se acabasse a bebida no meio da madrugada, lá ia eu caçar bebida, fosse onde fosse. Fiz coisas das quais não lembro, inclusive na internet. Cansei de ouvir das pessoas, nossa, briguei com você! E eu não lembrava de nada! Eu lembro de outras coisas bem tristes. Lembro do dia em que um amigo meu me deixou bebendo sozinho em um bar. Ele disse, tchau! Chega! E foi embora. Eu fiquei com ódio, na hora, mas eu queria era beber mais. Eu lembro do dia em que meu pai me viu vomitar na cozinha e teve que me dar banho. Eu me lembro do dia em que eu acordei vomitando e meu irmão virando a minha cabeça, para que o vômito não fosse para o meu nariz. E até hoje eu não sei como cheguei em casa. Eu me lembro do dia em que eu estava muito bêbado e queria me jogar pela janela. Eu queria morrer. Eu queria me matar. E meu pai e meus irmãos viram tudo. E nesse dia, eu botei os meus bichos todos para fora. Eu falei de coisas do passado. De quando eu sofria de bullying. Eu me lembro que foi como se eu estivesse vomitando toda a dor que senti e guardei para mim durante anos.

Porque a minha infância não foi normal, a minha adolescência não foi normal. Eu sofria preconceito e agressões verbais e físicas, com o consentimento de alguns professores e de parte da direção da escola. Em casa, eu precisava descontar em alguém. Era nos meus irmãos. Aí minha mãe ficava brava, brigava comigo. E quando o meu pai estava em casa era só briga. Ele pegava no meu pé. Ele não aceitava o meu jeito. Até hoje eu não sei se ele aceita. Então foram anos vivendo um sofrimento, uma tortura psicológica e sem falar nada para ninguém. Eu acreditava, até uma certa idade eu acreditei nisso, que no futuro tudo iria ser diferente. Eu iria ser reconhecido. Eu iria mudar. Brilhar. Eu seria um ator conhecido. Um cantor, sei lá. Mas o tempo foi passando, passando... E eu fui envelhecendo. Envelhecendo sem conseguir chegar a lugar nenhum. Eu tentei ser ator. Eu tentei ser cantor. Eu tentei ser doutor, tentei algumas faculdades. Mas eu ia parando. Eu desistia. Eu não conseguia concluir nada.

Por causa disso tudo eu tenho medo de parar o tratamento que estou fazendo agora, como já contei em posts anteriores. Porque pode ser que seja demorado mesmo e eu esteja com pressa. Porque pode ser que eu esteja, mesmo sem perceber, arrumando desculpa pra abandonar o tratamento.

Aí ontem estava lendo um livro sobre depressão e o escritor (um psiquiatra e psicanalista) falava da importância fundamental da psicanálise e da psiquiatria no tratamento da depressão. Aí, pronto, fiquei mais calmo. Mais uma vez precisei de algo externo para me dizer, olha, você tá no caminho certo. Não encontrei resposta com meu pai e nem com meus irmãos. Ainda estou na dúvida sobre a eficácia do tratamento que estou fazendo, mas ler aquele livro me fez bem. O livro chama-se "Depressão, Fé e Transtornos Mentais - O que você deve e precisa saber", do Paulo Miguel Velasco (ed. Livre Expressão).

Ontem eu também fiz preces com mais fervor e aconteceu de eu achar uma prece que me fez um bem danado, como contei em um post anterior. Então, por isso tudo, acordei bem. Aí, para completar, o meu pai me disse que foi a uma cartomante e que ela disse a ele que eu tenho uma ligação espiritual muito forte com a minha mãe ainda. E que é isso que está me atrapalhando. Que o ano que vem é um ano em que eu irei brilhar. Que o que estou passando é, na verdade, espiritual. Olha, claro que não vou abandonar tratamento nenhum. Mas estou mais esperançoso. Vai que eu vou nela e consigo uma ajuda espiritual. Sei lá. Espero que dê tudo certo. Por isso tudo que eu contei, estou feliz. Posso sonhar um pouco? Acreditar? Acho que sim, né? Eu não me permito sonhar, imaginar um futuro melhor. Mas nessa madrugada eu vou tentar. Espero conseguir. Confiando em Deus, sempre!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Depressão nos idosos triplica nos lares de 3ª idade


Notícia do diário português Destak


«Dentro dos próximos dez a quinze anos, pelo menos 20% da população ibérica será composta por indivíduos com mais de 65 anos, dos quais cerca de 10% sofrerão de depressão e 8% de outras patologias como as demências», prevê Manuel Martín Carrasco, director da clínica Padre Menni.
O tema foi debatido numa sessão sobre ‘Prevenção da Depressão na 3ª Idade’, que decorreu esta manhã no âmbito do V Congresso Nacional da Sociedade de Psiquiatria e Saúde Mental, no Sheraton Porto Hotel e Spa.
A população feminina será, à partida, o género mais atingido, uma vez que tem ao longo da vida maior tendência a sofrer de depressão. Relativamente ao aparecimento de novos casos, após os 65 anos, ambos os sexos apresentam o mesmo nível de incidência. Nesta fase as mulheres têm maior capacidade de resposta face ao diagnóstico uma vez que tem melhores redes sociais, são mais activas nas lides domésticas e mantêm-se produtivas, nomeadamente, no apoio à educação dos netos.
Para Manuel Martín Carrasco, «os familiares devem estar atentos aos sinais transmitidos, nomeadamente, nas mudanças de comportamento: desinteresse nas actividades anteriormente praticadas, má qualidade do sono, diminuição de apetite, perca de peso e isolamento».
Poema do Idoso

A importância da fé

Hoje sinto-me mais disposto. Incrível como a chegada de minha irmã alterou o meu humor. Na verdade, ela chegou hoje. Ontem, também, é bem verdade, li um trecho de um livro que me falou coisas bonitas. É um livro de preces espírita, mas que serve para qualquer religião. Para qualquer pessoa que acredite que exista algo além, uma força maior que nos impulsiona. Deus. O livro chama-se "Lucidez - a luz que acende na alma", do Francisco Espírito Santo, ditado por Hammed (ed. Boa Nova). O capítulo que li chama-se "Rogativa da caridade em favor dos discriminados". Fala de todos os discriminados, inclusive dos que tem orientação sexual diferente. E foi a primeira vez que eu li, embora sempre acreditasse nisso, um livro cristão que mostrasse um Deus livre dos preconceitos. Um Deus que não julga, não condena baseado nos valores humanos. Quando acabei de ler, eu que sofri de bullying durante anos, eu que sempre, por mais que acreditasse em um Deus assim, de verdade com compaixão, sempre busquei uma resposta exterior. Era que como se eu necessitasse que outra pessoa concordasse comigo. Pode ser baixa autoestima. Pode ser qualquer coisa, mas o fato é que ler esse livro me fez muito bem. E veio numa hora em que eu precisava fortalecer a minha fé. Porque é difícil manter a fé em momentos de apatia, quando tudo parece igual, nada parece melhorar e a melhora é apenas a certeza de alguns dias, algumas horas bem.

Por sempre ter momentos de recaídas, mudanças de humor, aprendi a fazer o oposto do que muita gente diz: a viver sem pensar no amanhã. Não faço planos para o futuro. Se estiver bem no presente, beleza. Se não estiver tão bem, tenho a certeza de que Deus me protege e tudo o que acontece enquanto não estou tão bem serve para que eu aprenda, evolua espiritualmente. Claro, muitas vezes é difícil manter a fé, mas é necessário. É fundamental.

Então fica aqui a minha dica para você que é uma pessoa depressiva ou até mesmo para você que sofre constantemente com mudança de humor, que sente tristeza muitas vezes. Acredite em algo maior, mais forte que você e que te ajuda a seguir adiante. Acredite que a vida é maior do que parece, não termina aqui. Nada termina e nem começa aqui. Acredita nessa energia chamada Deus! Acredite, porque a fé é fundamental! Eu fico besta de ver pessoas que dizem não ter fé. Sei lá, não sei como elas aguentam viver...

Falei sobre a minha fé, mas veja um pouco dessa palestra do Mons. Jonas Abib, que fala sobre a adoração, mesmo na depressão:

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fazer o bem

Quando criança, sempre que me sentia triste, um pouco deslocado e não sabia dizer o que estava sentindo, ouvia da minha mãe o seguinte ditado: mente desocupada, oficina do diabo. Era como se ela quisesse justificar o que se passava comigo. Talvez por se sentir impotente. Talvez porque eu não soubesse dizer o que sentia. O fato é que cresci com isso na cabeça. Eu passei uma infância difícil, mas nunca me senti impotente, pois tinha o apoio e conforto da minha mãe, de alguma forma. Ela me protegia, me completava. A perda dela foi um dos episódios mais traumáticos da minha vida. Um dia eu conto com calma. Mas, apesar de toda essa proteção, minha mãe nunca soube enxergar que eu era um menino diferente. Então sempre existiu um vazio. Eu pensava assim, quando crescer vou me tornar famoso e mostrar pra esses caras que me zoam na escola que eu sou mais eu! Que eu venci! Eu cheguei lá! O fato é que virei adulto e não cheguei a lugar nenhum. Mas estou tentando. E esse blog é um pouco isso, essa tentativa. Tentativa de chegar a um lugar. Posso bater a cara na parede, mas dou meia-volta e sigo em outra direção.

Outra coisa que ouvia muito da minha mãe, quando eu tinha alguma queixa era: olhe para trás e veja quanta gente em pior situação que a sua. Caramba! Então eu não podia expressar meus sentimentos? Tinha que parecer feliz, agradecido e contente por estar em uma situação aparentemente melhor que a de outra pessoa? Era mais ou menos isso que interpretava, embora hoje isso me pareça muito cruel. Mais cruel ainda é seria olhar para "trás" (não seria para os lados) e agradecer por não ser miserável como fulano, não ter as limitações de sicrano. Eu não queria saber de fulano, de sicrano, de beltrano. Eu queria que alguém me entendesse. Eu queria saber um pouco de mim. Claro, eu me consternava com a situação difícil do outro. Rezava pelos miseráveis, por exemplo. Mas agradecia por ter saúde e não por não ser doente. Dá pra entender a diferença. Acredito que minha mãe não quisesse, exatamente, que eu agradecesse por não estar em situação tão ruim quanto a de outras pessoas, mas era o que me parecia.



Sabe, acho mesmo que a gente tem que, pelo menos uma vez ao dia, ser "egoísta" e pensar na gente. Olhar com franqueza pro nosso interior. Aceitar as nossas contradições sem os prejulgamentos tão comuns, que a gente aceitou desde pequeno. Aceitar a nossa raiva, a nossa inveja, depois tentar entender o por quê e, ai sim, modificar esse sentimento. Mas tentar reprimir nunca dá certo.

Mas uma coisa que aprendi com a minha mãe e que sei que é bem importante para que a gente se sinta bem é justamente fazer o bem a outro. Mais do que olhar para trás, para os lados, para frente, para cima, para baixo ou para todas as direções, minha mãe me ensinou a amar e respeitar o próximo, a praticar a tal caridade cristã, mas que para mim não deve estar associada exclusivamente aos cristãos, melhor dizer caridade humana. E acho que quando olhamos o outro, independente dele estar em situação melhor ou pior, como um irmão nosso, podemos nos colocar na situação dele, não para dizer como ele deve agir, mas para tentar entender a forma dele agir. Se for o caso de recriminar, esperar o momento certo para isso. Mais ou menos isso é o que eu acho que deveria acontecer. Mas as pessoas têm o péssimo hábito de julgarem os outros sob os seus pontos de vista. Geralmente, essa atitude surge embasada em crendice, ignorância, prejulgamento mesmo. E isso acaba gerando discriminação.

Escrevi isso tudo, para dizer que o preconceito dói. Já fui vítima de preconceito porque eu era diferente na escola, meio nerd. Já fui vítima do preconceito porque eu sou gay. Já fui vítima do preconceito, aliás, ainda sou, porque eu tenho depressão. Mas procuro driblar o preconceito. Afinal, só eu sei a delícia e a dor de ser o que eu sou, certo? Mas como sou contra o preconceito, gravei um vídeo pra campanha contra o preconceito que as pessoas têm com os soropositivos. Achei bacana e estou divulgando aqui. Conheça o site! Você pode gravar depoimento, escrever, mandar foto! E, claro, se informas a respeito do HIV/AIDS! Clique aqui e acesse o site!


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Para Elenice

Acabei não indo ao psicanalista hoje. Não quis. Não quis falar dos meus problemas. Falar as mesmas coisas. Enfim, não estava com vontade. Ando desacreditado desse tratamento com ele. Então fiquei dormindo... Dormindo... Amanhã a minha irmã chega aqui. Ela está viajando. Então seremos eu, meu pai e ela. Nós três moramos juntos. Estou feliz com a volta dela. Mas as cobranças surgem. E se eu dormir demais, o que ela vai achar? Como se ela nunca tivesse visto a cena antes. Agora preciso ir, mas devo voltar mais tarde. Antes, quero deixar um recado para Elenice!

Que bom, o primeiro comentário no meu blog. Bacana. Elenice, fiquei feliz mesmo, sabendo que você está aqui, se interessa por mim, pelo assunto. Espero que a gente  possa troca ideia e carinho sempre. Um beijo enorme para a primeira querida leitora!

Tudo errado

Caramba, ainda não dormi. O sol raiou e eu aqui. Não saio do meu ap desde a semana passada. A entrevista que eu havia marcado com o terapeuta cognitivo-comportamental não rolou. Acabei não acordando. Mas também é fogo. Como vou a uma entrevista com um cara que não conheço? Nunca vi o rosto. É difícil arriscar. E na segunda-feira eu não fui ao meu psicanalista porque ando desanimado com o tratamento. Tenho uma amiga que estuda psicologia e pode ser que ela saiba me indicar um terapeuta cognitivo-comportamental bom.

Agora eu vou dormir. Sonhar! Caramba, quando não tenho pesadelos eu tenho sonhos maravilhosos! Mas eu nãos sei o que é pior: acordar com aquela sensação de pânico que um pesadelo provoca, ou acordar com aquela sensação de que depois de um sonho maravilhoso, o que me me espera é uma realidade vazia. Alguém me escuta? Deus? Cadê o senhor? Como manter a chama da fé acesa se ninguém me ouve, ninguém quer saber. Ninguém nem lê esse blog. Fui, antes que eu chore...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Des perguntas e respostas sobre depressão

A doença já acomete cerca de 121 milhões de pessoas no mundo inteiro, e é a quarta causa global de incapacidade. Clique aqui e saiba mais!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

As aparências enganam

Li uma notícia que achei interessante de ser comentada aqui: "Mulher com depressão perde benefício por causa de foto no Facebook". Caramba, é impressionante mas as aparências enganam. E acho mesmo que a mulher deveria ser submetida a exames antes de perder os benefícios. Digo isso porque muitas vezes as pessoas me dizem que adoram o meu humor, a minha alegria e mal sabem elas o esforço que eu fiz para levantar.


Deprimido tem que parecer que está triste o tempo todo? Claro que não!

Tipo festa de família, sabe? Caramba, vou encontrar meus primos, minha família! Mas eles vão me perguntar sobre profissão, ocupação, faculdade... Pronto, lá vem o desânimo. É como se eu tivesse que, dar justificativa para alguém. Caramba, quero ver se um dia eu chego pro povo e falo não estou fazendo nada. Sim, porque até pra ir ao médico, na hora de preencher a ficha, me perguntam a minha profissão. Isso vai alterar a vida de alguém? Profissão: VAGABUNDO! Ah! viu... E quando é medico antigo, então? Isso tudo, esses maldito sistema que quer que sejamos todos iguais, me faz me sentir um lixo! À margem da sociedade mesmo. Às vezes eu fico pensando nesses caras que entram no cinema e saem matando geral nos EUA. Será que queriam chamar atenção? Queriam mostrar que existem?

Tão bom quando eu tinha 17, 16 anos e não precisava justificar nada a ninguém. Quando a gente é adolescente, se a gente fica no quarto é crise existencial de "aborrecente". Nossa, era ótimo! Eu sentia desconforto sem ligar muito pra ele. Ou melhor, eu sentia sabendo que podia sentir. Depois de adulto a sensação que tenho é que sou um adulto com mentalidade de adolescente. Tipo, parece que escrevo feito adolescente aqui. Enfim, vem um monte de recriminação interna e esses sentimentos "negativos" ficam presos. Eu não consigo canaliza-los de maneira produtiva. E dá uma raiva danada! Aí eu lembro dos caras que matam todo mundo no cinema. Sim, porque eu já pensei em matar, eu já pensei em me matar também. Isso não quer dizer que eu vá fazer isso, mas eu já pensei e eu tenho o direito de escrever isso aqui sem me justificar muito, né? Não se assuste, eu sou do bem. Vai ver você já pensou nessas coisas também e achava que só você pensava. Vai saber...

Lanterna vermelha

Hoje acordei sem vontade de ir ao psicanalista. Até porque não contei a ele que tenho entrevista marcada com o terapeuta cognitivo-comportamental essa semana. Detalhe: 10h da manha. Tenho trocado o dia pela noite, vai ser fogo acordar cedo e me despencar para a entrevista. Nesses momentos difíceis (eu passei esses dias do feriado todos em casa) eu penso sempre assim: acendeu a lanterna vermelha. Eu não gosto dessa luz vermelha... Tenho que apagar essa luz.

Semana decisiva

Essa semana é muito importante para o meu tratamento. Faço tratamento psiquiátrico e psicanálise com a mesma pessoa. É que eu disse pra ele que preferia assim, já que o psicanalista que ele tinha me indicado eu não gostei. O cara é gente boa, mas não rolou aquela energia necessária para esse tipo de tratamento. Já havia feito outros tipos de tratamento: psicólogos, psicanalistas etc. A última era uma psicóloga que também usa floral. Mas eu abandonei. Abandonei porque o meu psicanalista e psiquiatra (na época ele era só psiquiatra) disse que não iria conversar com ela, porque ele acredita na psicanálise.

O fato é que foi nessa psicóloga que eu descobri uma força interna. Redescobri. Redescobri a necessidade de ir ao encontro dos sentimentos que estão no fundo, no fundo do meu ser, da minha alma, sei lá. Sentimentos camuflados pelo tempo. Pela sensação de incapacidade. Sensação essa que sempre me acompanhou. Mas isso é assunto pra vários posts. A vida da gente é complexa, mesmo que muitas vezes a gente não dê tanta importância a ela. E eu estou com 30 anos, ou seja, tenho uma certa bagagem. Sou adulto já, né?

Então voltando ao foco principal, ao meu tratamento, foi assim que parei nesse psiquiatra e psicanalista. Eu tomo 60 mg de cloridrato de duloxetina por dia. O nome é complicado, mas é o que tem me impulsionado. Quem descobriu esse remédio é um anjo. Mas tratamento psiquiátrico nem sempre foi sinônimo de sucesso em minha vida. Tive sérios problemas em função de um tratamento anterior. Mas um dia eu conto com mais calma.

Estou fazendo esse tratamento tem mais ou menos um ano e meio. Por aí. Depois eu vejo com calma essa questão do tempo. O tempo passa diferente pra mim. Acho que isso acontece com muita gente que tem a mente confusa. E a minha, caramba, você pode acreditar, é confusa à beça. Mas voltando ao tratamento. Só o tratamento com psicanalista e psiquiatra não está servindo. Então resolvi procurar um terapeuta cognitivo-comportamental. Entrei no site da associação aqui do Rio de Janeiro, pesquisei e, assim meio na sorte, até porque o site não tem muita informação sobre os caras, escolhi um. Tenho entrevista essa semana. Preciso decidir sobre algo tão importante quanto o meu futuro tratamento. Continuo nesse ou vou pra outro. Isso porque certamente, a terapia cognitiva-comportamental implicará em mudar de psiquiatra, de psicanalista, enfim, de começar tudo outra vez. E por mais que eu pense que existe uma continuidade nisso tudo, afinal sou eu tentando, não deixa de ser um recomeço. E recomeço é sempre difícil, doloroso, sofrido. Mas preciso tentar, não posso e não quero desistir. Poder eu posso, mas não quero, quero continuar.

E você, sabe algo sobre terapia cognitiva-comportamental? Quer compartilhar? Conta pra mim!

domingo, 22 de novembro de 2009

Oi

Acabo de acordar. Incrível como esse lance de escrever um blog sobre minha doença mexeu comigo. De madrugada, fiquei ansioso pra saber se alguém tinha lido o meu blog. Então eu não conseguia dormir. Fui dormir lá para às 05h30, por aí.

Acordo com uma sensação de que meu feriado (isso pouco importa, até porque todos os dias são feriados para mim) foi uma porcaria. Eu não chorei, não fiquei me lamentando. Estou tentando ficar conectado com Deus, com os bons espíritos, estou tentando manter uma positividade. Mas o fato é que eu vi filmes, novela, naveguei um pouco na net e dormi.

TV, internet, livro, rádio distraem, mas não aquecem, não possuem mãos, não conversam. E eu acho mesmo que estou precisando de companhia. Mas uma companhia que me entenda, que pense parecido comigo. É pedir muito? Estou sendo egoísta. Vou tomar banho e sair do quarto. Até!

Vamos aos fatos

Bom, só pra constar: o título do blog e o link foram feitos, assim, meio nas coxas, porque o link que eu queria não podia, alguém já tinha tido a mesma ideia antes. Fazer o que, né? A vida é assim. E essa competição toda me assusta.

Assusta-me, também, fazer esse blog. Demorei muito, mas muito mesmo para ter coragem para isso. Para começar a escrever. Digitar, digitar, digitar. Demorei porque dá medo. Colocar os sentimentos no papel dá medo. E também é um pouco frustrante. A gente pensa muito antes de escrever e acaba saindo tudo super artificial. Uma bobagem. Parece coisa de adolescente, rebelde sem causa.

Olha, mas como estou usando um nome falso, isso mesmo, inventei esse nome, ok? Acho que vai ficar mais fácil. Só o nome é falso. O resto tudo será verdadeiro.

É verdade, sou depressivo. Sim, diagnosticado pelo meu psiquiatra. Mas antes mesmo de ser diagnosticado eu já sabia disso. Porque a minha depressão não veio de um fato, não é recente. Ela sempre me acompanhou. Algumas vezes com menos intensidade. Outras vezes com uma força devastadora. O fato é que deixa marcas. E depressivo só entende depressivo. Ou seja, preciso de pessoas que tenham depressão lendo esse blog. Preciso de respostas. Preciso compartilhar a minha dor, minhas angústias e, claro, minhas vitórias. Mas se você veio aqui, achou isso tudo ridículo e quer comentar, ok! Fique a vontade. Só não me deixe aqui sozinho.

Então é isso. Ainda não coloquei nada de interessante, ou pelo menos nada forte por aqui. Primeiro porque estou começando. Segundo porque vou dormir, ou tentar já, já e procuro pensar em coisas positivas antes de dormir. Tenho muitos pesadelos. Rezo sempre antes de dormir. Nem sempre adianta. Mas resolvi parar de pensar em coisas tristes. Posso ver um filme de terror, por exemplo, de madrugada, mas logo procuro esquecer e pensar em coisas positivas antes de dormir. Filme pornô então, evito mesmo. Eu adoro filmes pornôs, até porque eu tenho uma vida praticamente assexuada. Mas, sei lá, parece que tocar uma antes de dormir, vendo esse tipo de filme me deixa cansado no dia seguinte. Acho que encontro com espíritos negativos. Forças do mal, enfim.

Com o tempo, a medida que os dias forem passando e eu tiver saco, vou postar com calma sobre tudo isso que você leu, ok? Vou ficando por aqui... Ah! claro, deixa eu terminar de me apresentar: tenho 30 anos e estou impossibilitado de trabalhar devido à minha doença, essa tal de depressão. Depois vou postar sobre o tratamento que faço etc. Tchau!