segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A difícil arte de conviver

Hoje aconteceu algo desconfortante, mas não propriamente novo. Na tentativa de retomar as atividades que estava fazendo, liguei para um curso e disse que passei por um problema de saúde, mas gostaria de retomar as aulas.

Após desligar o telefone me deu uma sensação de que não fui eu quem falou com a atendente. Já senti isso antes. É bem desconfortável e difícil de descrever. Como se eu estivesse distante da realidade. Como se a realidade fosse um filme. Acho que é isso que o meu ex-psiquiatra chamava de desrealização.

Agradeci a Deus por ter conseguido ligar, sabe-se lá como e, mesmo a realidade parecendo distante, a possibilidade de, amanhã, eu ir ao curso me parece real. Fui feliz comunicar à minha irmã. Ela me disse que eu gosto de ficar em casa, que estou com quase 40 anos e que tenho que descobrir algo que me dê prazer, que eu recomeço para desistir depois. Então desisti de argumentar e saí de perto.

Apesar de querer provar aos outros que sou capaz, tenho é que provar a mim mesmo. Um dia de cada vez. Na base do só por hoje, só por agora.

Não adianta nada eu ficar chateado com o que os outros fazem ou deixam de fazer. Minha irmã também disse que só crescerei quando decidir fazer as coisas que não tenho vontade de fazer.

Acho que cresci muito ao longo desses anos. Passei por poucas e boas. Então o que eu quero dizer é: se alguém por descuido, insensibilidade ou por qualquer outra razão disser coisas sobre você que não condizem com a sua realidade, reflita e delete aquilo que não presta.

Ela tem razão quando diz que devo fazer coisas que não quero. Acho que a vida da maior parte das pessoas funciona assim: há uma oscilação entre momentos de extremo prazer e alguns mais complicados, difíceis, desagradáveis. Muita gente trabalha para ganhar dinheiro, se sustentar, mas não trabalha com aquilo que gosta, só para citar um exemplo. Mas descordo quando ela diz que eu gosto de ficar em casa. Também discordo que seja uma questão de somente ter força de vontade.

O meu atual psiquiatra me disse que tenho um transtorno de humor, mas que não iria me rotular, ou seja, não sei se sou depressivo, se tenho transtorno de humor. Sou um neurótico em recuperação. Aprendendo a conviver com transtorno sem levar uma vida transtornado.

Hoje é dia de recomeçar. Toda a hora, cada segundo, é tempo de recomeçar. Nunca é tarde para ir atrás dos seus sonhos. Siga em frente. Mesmo quando tudo parece dar errado, o tempo passa, as coisas se amenizam e aprendemos com as nossas dificuldades. Crescemos. Amadurecemos. Passamos a respeitar os nossos momentos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Alguém lê o blog?

Hoje estou um pouco desconfortável emocionalmente. Mas vai passar. Na verdade, não sei como tenho suportado ficar tanto tempo, tantos dias em casa. Não sei como não tenho me afogado na solidão. Lendo “O Poder do Agora”, “Novo Mundo” e “O Poder do Silêncio”, ambos publicados pela editora Sextante e escritos por Eckart Tolle, aprendi a não dar tanta importância aos pensamentos. Hoje já sei que os pensamentos não sou eu. Muitas vezes há o querer e o pensar não condiz com ele. Minha essência é mais profunda  do que os pensamentos. Acho que foi isso que li nos três livros citados: pensamento é ego. Quando estamos identificados com o ego, estamos identificados com o pensamento. Não sei bem se foi isso o que eu li, pois minha memória é ruim. Mas sei que não devo me identificar com o pensamento. Então, se não estou tão bem assim agora, deixa pra lá. Tentei continuar a ler “Assim Falou Zaratustra” (editora Companhia das Letras), do Nietzche, mas comecei a sentir um peso. Então acessei um site de jogo de buraco e joguei uma partida. Depois postei na página que eu tenho no Facebook e daqui a pouco vou postar esse texto no blog. Aliás, é estranho escrever que irei postar no blog daqui a pouco, porque você leitor(a) estará lendo no tempo presente. hahaha


Estou seguindo o fluxo do pensamento. Escrevendo sobre o que está acontecendo. Despejando aqui. Sei lá, é uma maneira de fazer algo, me sentir útil. Não sei se alguém continua a ler o blog, mas estou aqui, escrevendo. Vou fazer uma pesquisa com calma e encontrar outros blogs sobre transtornos mentais, experiências de superação, essas coisas. Vou ficando por aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Sem Rivotril

Estou há duas semanas e dois dias sem Rivotril e nenhum remédio para controlar a ansiedade e induzir o sono. Pensei que seria impossível. Por mais de cinco anos fiz uso contínuo de Rivotril. Quarenta gotas. O desmame durou 20 semanas. Foi muito difícil. Senti bastante ansiedade. Pensei que não fosse suportar. Mas confiei muito em Deus para me sustentar quando tudo parecia impossível e no tratamento psiquiátrico. A terapia cognitivo-comportamental me ajudou bastante, com técnicas de respiração e meditação. Agora estou mais confiante em mim.

Duas conquistas importantes

Semana passada eu fiz duas coisas que me deixaram muito feliz: consegui sair de casa para eventos sociais.

Na sexta-feira fui ao aniversário da minha cunhada. Não nutria muita simpatia por ela e acho que era recíproco. Mas pensei: devo ir, pois o meu irmão ficará feliz e será uma oportunidade de ver meus sobrinhos. Chegando lá me sentei e fiquei contemplando as pessoas. Estava com um estado de espírito diferente. Muito introvertido. Bastante tímido. Digo estado de espírito porque às vezes eu estou mais fluido, conversando melhor, então não sei exatamente o porquê, mas estava quieto, no meu canto. No entanto havia saído de casa. Estava na rua. Em um aniversário. Não me sinto confortável em quase nenhum aniversário. Para comemorar algum aniversário meu faço um esforço hercúleo e isso se transfere para os meus amigos. Trauma? Talvez... Depois eu posto com mais calma sobre isso. Não quero perder o foco.

O fato é que durante o aniversário da minha cunhada, um dos meus irmãos, o marido dela, notou meu desconforto e me ensinou uma técnica que ele usa para conversar com as pessoas e a conversa fluir: repetir a última palavra que a pessoa disse. Por exemplo: “Hoje fui à loja que Fulano me indicou e comprei um tênis.” “Um tênis...” Ele explicou que agindo assim damos espaço para o interlocutor falar mais dele. No fundo o que as pessoas mais querem é falar sobre elas mesmas. Mais ou menos o que o meu terapeuta me disse outro dia: “No fundo o que as pessoas mais querem é serem aceitas”. Mesmo assim não consegui usar a técnica com os outros convidados. Estava literalmente travado. Não conseguia dar retorno às conversas.

Apesar de um momento especialmente constrangedor, quando meu irmão me deixou sozinho com um rapaz que começou a me questionar a respeito de alguns assuntos, o tempo passou, a festa acabou e eu marquei presença. Foi um exercício árduo. Porque estava muito preocupado com o que as pessoas estavam pensando ao meu respeito. Olha o meu ego falando mais alto. Não consegui enxergar as pessoas como minhas irmãs. Mas conseguir ir. Isso foi uma vitória.

No dia seguinte, no sábado, fui convidado para ir ao Maracanã, assistir à final da seleção brasileira. Estava em um ambiente menos “hostil”, porque não exigia que eu mostrasse o meu lado intelectual. A única preocupação foi com comentário homofóbico, que não aconteceu ou com alguma briga, que quase aconteceu ao meu lado, mas não ocorreu.

Durante toda a partida me mantive conectado a Deus e no tempo presente. Houve apenas um momento estranho, quando senti alguém dando peteleco na minha orelha esquerda. Virei par trás depois de uns trinta segundos e vi uma criança. Ela fez um gesto dizendo “não fui eu”, virei imediatamente para frente e nada mais aconteceu. Quando a seleção fez o último gol e consagrou-se campeã, um casal de amigos da minha irmã, que estava ao meu lado, me abraçou e pulou, consegui dar três pulinhos junto com o resto do Maracanã todo. Ao longo da partida fiquei muito contido, sem gritar, sem algazarra, para a ansiedade não aumentar. Depois da partida fui contagiado pela magia do momento e até cantei algumas musiquinhas. Coloquei a mão no bolso para pegar um dos meus dois estabilizadores do humor e me dei conta de que vaia esquecido em casa. Então a minha ansiedade aumentou. Não falei nada a ninguém. Minha irmã me perguntou se algo estava acontecendo. Então expliquei a ela.


Depois da partida fui convidado para ir a uma festa. Fiquei horas sem o tal estabilizador do humor. A ansiedade diminuiu. Consegui interagir na festa. Enfim, deu tudo certo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Consegui sair de casa

Quarta passada eu consegui sair de casa depois de duas semanas. Ontem e hoje tinha compromisso, mas acabei não indo. No entanto, sair na quarta foi uma vitória. Vamos em frente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Melhor, mas ainda isolado

Estou realmente me sentindo melhor, graças a Deus. Menos raiva congelada. Mas aceitação dos fatos. Mais acomodação? Acho que já escrevi por aqui uma frase que o psiquiatra me disse na última consulta: "Viva a vida como der". Ontem minha irmã ne fez a seguinte pergunta: "Você não está mais saindo de casa?" E completou: "Sua força de vontade tem que ser maior do que as suas desculpas". Concordo: muitas vezes arrumo desculpa para as cousas, mas discordo a respeito da força de vontade.

Não acho que estou feliz em estar bastante tempo em casa. Não sinto isso como algo agradável. Apenas estou me sentindo melhor e ainda em casa. Por exemplo, na quarta-feira eu me arrumei, mas não consegui ir à terapia. Eu estava pronto. Foi mais firte do que eu. Também não consegui ir à academia esta semana. Sei lá, talvez a minha irmã esteja correta. Talvez eu deva me esforçar mais.

Sinto que cada dia é um novo desafio. Estou sempre recomçando, porque quando desisto penso: "amanhã conseguirei". Estarei eu postergando?

Quando penso que conseguirei algo amanhã, eu realmente acredito que será possível.

Tentei a meta de uma postagem por dia aqui, mas esta semana acabei não cumprindo. O importante é que hoje consegui. Então estou melhor. A semana está no fim. Pode ser que a próxima seja melhor. Eu creio. Há um sonho. Há esperança. Por agora isso me basta.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Parece que estou mais disposto

Estou feliz e grato a Deus, pois hoje acordei mais disposto a viver. Não estava com pensamentos suicidas, mas muito apático. Meu psiquiatra chegou a falar em letargia. Palavra que eu detesto, ele não sabe, mas estava meio letárgico mesmo. Hoje falei com o personal que iria treinar. Acontece que ele estava se sentindo mal. Confesso que minha preguiça ficou feliz, mas se ele estivesse se sentindo bem eu iria treinar. Isso é uma vitória, já que há mais de um mês eu não treino. Estava com um cansaço mental e emocional paralisante. Pensei que fosse a depressão batendo em minha porta. Ontem, antes de dormir, pedi com toda a força do mundo a Deus que eu levantasse mais disposto e Ele me escutou.

Também fiz um exercício interessante que aprendi no espiritismo, mas nunca havia feito: escrevi no papel coisas que eu tinha deixado de fazer ou ações erradas da minha parte no dia de ontem.

Vamos ver se consigo realizar outras tarefas hoje.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A importância de acreditar em Deus

O fim de semana foi bem mais tranquilo do que eu imaginei. Ontem consegui estar sereno e sem ansiedade o dia inteiro. Graças a Deus. Hoje gostaria de compartilhar com vocês um pouco dessa experiência importantíssima em minha trajetória, em minha vida: a fé em um Poder Superior a mim, às pessoas. Eu chamo esse Poder Superior de Deus.

Não sei se já comentei antes, mas faço parte, desde o ano passado, de uma irmandade chamada Neuróticos Anônimos (N/A). Por isso mudei o endereço do blog e o meu pseudônimo. O programa é baseado nos Alcóolicos Anônimos (AA) e, como os demais grupos ou irmandades, como nós nos referimos a esses grupos, N/A se baseia em 12 passos e tradições. É um programa de caráter espiritual e não religioso. Apesar de eu não ser assíduo frequentador dos grupos presenciais, por falta de disciplina, como já comentei outras vezes aqui, logo que ingressei, ia, sim, com frequência às reuniões e, tantos elas como a literatura de N/A foram muito importantes para que pensamentos suicidas desaparecessem da minha mente. Graças a Deus! Sim, é isso mesmo que você leu: os pensamentos suicidas desapareceram da minha mente depois que eu passei a frequentar N/A e ler sua literatura. A ansiedade diminuiu consideravelmente. E isso eu atribuo a Deus, como eu vim a conhecer em N/A, como eu O concebo.

Talvez você não creia mais em Deus e tenha uma visão materialista do mundo. Mas, provavelmente, isso se dá devido a visão distorcida que você sempre teve de Deus. Pois nos apresentam um Deus punitivo e muito rigoroso. Que nos enche de complexo e culpa.

Quando eu era criança a minha fé era bem diferente da que eu tenho hoje em dia. Eu acredita em Deus sim, como um Poder Superior a mim, mas não tinha religião. Era bem mais fácil. N/A não é um programa religioso. Então acho que é esse Deus que o programa nos apresenta.

Quando conheci N/A já tinha uma religião: o espiritismo. Então foi difícil conciliar o programa com a religião. Quando eu me aproximei de N/A, me afastei um pouco do espiritismo. Pareciam duas propostas incompatíveis. Mas era imaturidade minha. Hoje, depois de um ano e alguns dias - preciso verificar quando ingressei em N/A, não lembro a data exata) -, posso dizer que estou começando a conciliar o espiritismo com N/A. Mas o blog não é sobre religião e nem sobre N/A e sim sobre transtorno mental, sobre minhas experiências.

O que eu quero dizer é que, no meu caso, acreditar em Deus, numa força superior a mim, para a minha cura, porque é possível ser curado da doença mental e emocional (eu acrescento a palavra espiritual), é imprescindível. Porque só Deus pode me livrar do egoísmo e do medo, que são as causas de toda doença mental e emocional. Só Ele é capaz de me devolver a sanidade. Não falo de um Deus de nenhuma religião, nem do espiritismo, mas sim do Deus de todas as religiões e inclusive de quem não tem religião. Um Poder Superior a nós seres humanos. Uma Força Maior. Como você conceber. Não importa se é um Luz ou um pensamento. Se tem forma ou não. Pare e pense. Seja humilde pela primeira vez na vida. Se você chegou ao fundo do poço como um dia eu cheguei, talvez não seja difícil tentar se entregar a Deus.

Se para você tudo o que eu escrevi é uma grande bobagem, caso contrário eu já estaria curado, digo com todas as letras: ainda não estou curado, pois eu sou indisciplinado. Mas regressei ao N/A e estou no caminho da cura novamente. Sugiro que você participe de um reunião online para ver se se identifica com a proposta de N/A.

Se você foi curado(a) de outra forma, por favor, deixe um comentário aqui. O diálogo é muito importante. Quero conhecer a sua história. Não sou o dono da verdade. Apenas expus o que eu aprendi até aqui. Um forte abraço.

Se você possui algum blog ou canal do Facebook sobre transtornos mentais, emocionais e espirituais, por favor, deixe o endereço, para que eu possa comentar lá.