segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ainda a questão do pênis

Pronto. Tomei banho e voltei pra perto da minha cama, em frente ao PC. Atrasei-me, ficaria difícil chegar a tempo no psicanalista. O fato é que está difícil de ir ao psicanalista. Puxa, que luta! Mas hoje eu senti vontade de ir. Talvez a vontade de ficar seja maior. Eu penso também que pode ser a questão do pênis pequeno. Eu acho que meu pênis é pequeno e, às vezes, eu tenho tanta certeza, mas tanta certeza que ele parece que fica menor.

Sim, já vi menor. Eu fui até ao urologista. Passei pelo constrangimento de ter meu pênis medido. O cara pegou no meu pau, esticou e disse SORRINDO: tem 20 cm, é normal. Mas tem 20 cm duro! Então no meu dia a dia não tem. E ele encolhe. Enfim, fica pequeno mesmo. É verdade. Eu tenho grilo com isso. Acho que não descobri o poder do meu pênis. E isso vem de longe...

Mais uma vez, a velha infância pede passagem e atropela (então ela não pediu passagem, senão não teria atropelado) o meu presente. Na verdade, ela pediu passagem sim! Caramba, eu tô sendo injusto com a minha infância. Fiquei, durante anos sufocando-a. Agora ela pede passagem. Ela atropela os meus planos, na verdade. Mas eu criei esses planos na hora errada. Eles seriam atropelados de qualquer maneira. Se não fosse pela infância, seria pelo presente mesmo. Pois, eles não poderiam se concretizar. Então, a sensação de que o futuro não chega é grande. E parece que o presente está atropelado. Doente. Quase morto.

Tá, não serei dramático. Estou mais feliz. Tenho novos amigos, que arrumei no movimento literário. Hoje mesmo eu tenho uma reunião com eles. Devo ler um texto meu. Mas essa questão do pênis é bem complicada. Um karma mesmo. É sério.

Não só porque eu não saio e quando saio não pego ninguém, com medo de ir para os finalmente. Mas essa questão do pênis pequeno me incomodada constantemente, mesmo quando eu não quero pensar nele. Se estou com uma calça apertada e o pênis encolhe, começa a incomodar. Eu sou obrigado a puxar a calça e tentar pescar o pênis. Puxa-lo pro lado esquerdo, pra dar uma sensação de alívio. Às vezes, meto a mão dentro da calça mesmo. Tento fazer de conta que ninguém tá vendo. Tento disfarçar. Eu já vi gente fazendo isso. Será que todos têm um pênis minúsculo? Bom, recebi uma mensagem no celular. Me desconcentrei. Também, acho que não sei mais o que falar a respeito do meu pau. Esse assunto já deu o que tinha que dar. E não se resolve. Talvez por isso, não esteja indo ao terapeuta.

A semana chegou

Ufa, o fim de semana acabou! Associei fim de semana à solidão. Não sei bem quando isso começou. Vai ver que foi a partir do momento em que os meus irmãos começaram a sair e meus colegas de escola também, mas eu não saia por falta de companhia. Lembro-me até dos meus pais: saiam em alguns fins de semana. Às vezes eu sei saia com ele: a necessidade de estar com alguém era mais forte do que a vergonha de estar segurando vela ou no meio de vários adultos. Outras vezes, não. Eu ficava em casa mesmo. Bom, lembrei assim, rapidamente, de algum fato bem antigo. Minha infância mesmo. Ainda morava em outro apartamento. Sinto, neste momento, o desconforto que eu sentia ao me ver deslocado. Todos cresciam: meus irmãos (minha irmã é quase 4 anos mais nova que eu!), menos eu.

A minha irmã teve problema sério de obesidade. Eu não sei quando ela começou a sair. Vai ver ela tem um blog sobre obesidade e eu nem sei. Mas o fato é que ela sempre tinha amigas com ela. Eu não. Eu tive, durante um tempo, amigos. Levava em casa e tudo. Lembro-me de uma farra, certa vez: enchemos a banheira que ficava no quarto dos meus pais de espuma. E na hora de esvaziar a banheira, foi espuma pelo banheiro inteiro. Uma confusão. Minha mãe nos colocou: eu e meu amigo de castigo. A mãe dele apareceu para busca-lo e eu acabei me estrepando, fiquei de castigo sozinho.

Na verdade, queria falar sobre o meu fim de semana. Mas acabei indo até a minha infância. E preciso sair, tenho terapia daqui a pouco. Volto mais tarde.

sábado, 28 de agosto de 2010

Vontade alheia

Eu sou mesmo um tanto complicado. Acordei hoje com algumas possibilidades de me divertir. Ontem acabei não saindo. Hoje, um amigo me convidou para ir ao aniversário dele. Não conheço ninguém. Então não fui. Eu gosto muito desse meu amigo. Rola uma energia bacana entre nós. Além disso, eu sei o quanto é importante pessoas queridas aparecerem em nosso aniversário. Também tinha a opção de ir a uma palestra. Havia combinado com a minha avó. Mas acabei não indo. Disse que ia. Por que eu não disse que não irria, quando já sabia que não iria. É, porque algo dentro de mim dizia que eu não iria. Agora, me resta ir a uma galeria, sentar no café e conversar. Mas só tem gente mais velha. Um programa meio triste. Também, o cara que vai, só faz os programas dele. Sabe a pessoa que está acostumada a fazer tudo do jeito dele?

Mas eu reclamo desse tipo de comportamento e pareço fazer exatamente isso. Saba, estou me dando conta do quanto sou egoísta. Não adiante eu projetar no outro o meu egoísmo. Se fulano só faz o que quer, o problema é dele. E a vida não tem que ser assim? Não temos que fazer o que queremos? E eu tenho medo de fazer algumas coisas.

Por exemplo, ontem, um amigo meu me convidou pra sair. Não conheço ele direito e isso foi o suficiente pra eu não ir. Caramba, mas só vou conhecê-lo se no dia que eu for, certo? Ah! mas ele pode me largar sozinho e tal. Mas estou projetando isso! Nossa, que problemático eu sou. E hoje também: não conheço ninguém no currasco, só o aniversariante? Não vou; o outro me chamu pra ir a galeria, mas nunca faz o que eu quero? Não vou. Que coisa. Acho que não sei ceder. Ou melhor, eu cedo, mas nunca sei o que quero.

É como se eu ficasse ocnstantemente confuso. Não sei o que quero. Não me dou ao luxo de decidir. Deixo que decidam por mim. Mas penso que não sou vítima. É como se fosse mais confotável isso. Em algumas ocasiões, percebo que tenho o poder de dcidir e não decido. É complicado. Nem percebo esse poder, muitas vezes. Ou acho que não sei usá-lo. E qual seria a saída? Decidir sem pensar em consequências? Fazer as coisas e pronto.

Hoje mesmo, telefonei algumas várias vezes para meu irmão, queria convidá-lo para ir à tal palestra comigo. Mas ele não atendeu o celular. Talvez tenha viajado. Enquanto ligava, pensava: puxa, ele não tem me ligado muito. Quase não me procura. Só faz o que quer. E eu?

Quando vou ao teatro novamente? Algo que tenho tanta vontade de fazer! E o show de dança que eu queria comprar? E aquela viagem? Puxa, eu viajei sozinho ano passado! FIquei internado em um SPA, como bloguei aqui! Então por que eu não viajao sozinho outra vez? O que me impede?

Eu posso pegar um ônibus, um táxi ou o avião e partir. Tenho tantas possibilidades! E, talvez justamente por isso, pelo excesso de possibilidades, eu não faça nada! São tantas as facilidades que, para a vida ficar mais agitada, menos monótona eu crio confusões mentais. Eu sei que não é bem assim. Também não sou esse vilão. Mas chega! Não quero mais arrumar desculpas para mim.

Não saio pra noitada porque estou gordo! Fui ao SPA, mas engordei tudo outra vez. São tantos doces. Acho que vou jogar TODOS fora! No lixo! Dar pra alguém! Levem! Afinal, vou ficar 20 dias aqui. Meu pai viajou. Minha irmã também. Então as coisas tme que funcionar do meu jeito. Alimentação mais light. E não tendo besteira, eu não vou comer. Não vou sair pra comprar. Não sou desse tipo. Posso pedir. Um sanduíche do Mc Donald's, um top sunday! Mas mesmo assim, é menos nocivo do que biscoitos amanteigados, pedindo apra serem devorados às 04h30 da madrugada.

E estou aqui, blogando, escrevendo muito, despejando a minha ira, a minha angústia e com a consciência de que, cada teclada, é um segundo que passa. Daqui a pouco anoitece e pronto. Não fui a galeria. Não  fui ao churrasco. Não li direito.  Não vi um filme. Não saí.

E vem a noite: telefone, chat, zoação, xingamento. Pronto. Só isso. Filme pornô. Reza. Teclando outra vez. Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Bum! Apaguei! Dormi! E chega o domigo...

E o domingo passa. Passa? E chega a segunda-feira! Então, encontrarei o meu grupo de literatura, lerei um poema meu e pronto. Dormirei. Tudo igual. Algumas coisas prazerosas? Sim! Mas e o contato humano? O contato real: pós-evento literário. No dia a dia. Não tenho um amigo que eu vá chamar pra ir ao cinema e vá topar! Eu não tenho. Eu dependo sempre da vontade do outro. Da sugestão do outro. E isso me irrita.

É que eu conheci esse grupo agora. Não tenho colegas de infância. O único colega, amigo de adolescência, adora notiada e eu não sou de me jogar. Não me sinto à vontade. Sei lá, se eu tivesse um namorado, apertaria minha cebça contra o peito dele e passaria essa tarde vendo um filme romântico. Comeria pipoca junto com ele, na sessão das 18h. Jantaria em um bom restaurante. Iria ao TEATRO! Iria à Paris, à India, à Marrakesh. Esse papo tá qualquer coisa...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Solidão

Meu pai acaba de sair. Vai passar 20 dias viajando. Minha irmã está viajando e, ao todo, ficará um mês fora. Estou só, noite de sexta-feira. Idenfiquei-me com a feição triste e um pouco confusa do meu cachorro, o meu único companheiro, mas que vive dormindo, quando está sozinho comigo e não se anima, por mais que eu queira. Aliás, muitas vezes, quando ele dá um suspiro, deita no chão e dorme, eu fico com pena. E depois penso, engraçado, ele, como eu, está aqui neste apartamento, parece perdido. Cansado de não ter saída, dorme, dorme, dorme.

Ontem, a noite foi linda. Jantei com meu pai, a namorada dele e um casal de amigos. Depois, fui a um barzinho com mais três amigos homens. Apareceram outras pessoas, até uma menina, em determinado momento, mas, na maior parte do tempo, ficaram só homens na mesa. Bebemos e conversamos. Eu adoro o mundo masculino. O mundo dos heterossexuais sensíveis, em geral, é bem legal. E estava ao lado de amigos lindos e bem resolvidos. Um era gay. Aí, de repente, de surpresa, aparecem dois amigos meus, outra tribo. Foi muito legal. A noite foi mágica. Um presente de Deus. Como tenho saído mais e com uma certa frequencia, já não sinto aquele medo de que novas saídas não se repitam. Acho que estou mais seguro.

Mas a minha cabeça é confusa mesmo. De repente, eu me vejo sozinho. Mas deveria estar feliz. Eu tenho vontade de morar só. Mas parece que associei estar sozinho a ser solitário. Sei lá, uma sensação estranho me acompanha. Agora, um menino está me chamando aqui no facebook pra sair. Vamos ver. Espero me animar. Contarei as novidades aqui

CONTINUANDO

Então, acabei de teclar com o menino que me chamou pra sair. Mas ele é meio doido. Imprevisível. Acho que ele é capas de me deixar sozinho e sumir. Ele conversa com todo mundo e tal. Mas ele é diferente. Mais do que eu. Ele tomou remédios fortíssimos desde os cinco anos de idade. Ele vive com os avós, história complicada. Tenho medo de ficar deslocado. E já fiquei muito deslocado nesta vida. Sei o quão ruim é. E isso pode ser desgastante. Eu posso me sentir rejeitado e dar um revertério na minha cabeça. Eu tenho medo disso. Eu tenho medo de ir pra rua sozinho. Eu tenho medo de ser rejeitado.

Também tenho a possibilidade de ligar pro meu irmão, pra a gente sair. Mas ele deve estar cansado. Ele não deve querer. E se ele quiser, ele que ligue. Já liguei tantas vezes... Pois é, acho que vou acabar deixando o mundo lá fora de lado e vendo um filme na TV. Eu, o sofá e meu cachorro. Só espero que o cachorro não faça xixi no tapete da sala. Esse é o problema, se ele fosse mais obediente.

Estou querendo sair. Ontem, os dois amigos que apareceram de surpresa na noite, me convidaram pra sair hoje. Festa de um amigo deles. Deve ser legal. Conhecer gente nova. Mas eles não ligaram hoje. Não quero ligar. Não quero me oferecer. Não quero. Se eles quiserem, que liguem.

Também mandei SMS pra um outro amigo, pra ver se ele sai comigo e esse outro carinha meio doido. Sabe, até seria interessante me jogar na noite. Ser louco por uma noite. Porque esse lance de loucura interior é chato.
 Mas vou parar de pensar. Não quero me frustrar. Não quero. Não tô com vontade mesmo. (Continua?)

Preciso fazer sexo - Publicado em 25/08/2010

Cá estou eu, depois de mais de sete meses. Muita coisa mudou. Mudei de médico.  Continuo com o mesmo psicanalista. Mas agora ele só cumpre a função de psicanalista. Tenho um psiquiatra. Mas estou com uma dificuldade enorme de ir - tanto ao psicanalista, quanto ao psiquiatra. Pode ser que seja em função de ser em uma cidade diferente da minha, embora próxima. Estou com novo medicamento. Mudar de psiquiatra foi bom. Estou usando um medicamento que está me ajudando. Também, escrever me fez muito bem. Eu consegui, a partir do momento em que escrevi aqui, escrever um outro blog. De poesia. E acabou que me encontraram lá. Me chamaram para participar de um grupo de poetas que se encontram, um movimento. Isso me ajudou muito. Me ajudou a aumentar a minha autoestima. Acontece que nem tudo está 100%. Melhorei bastante. Fico pensando se não é por isso que acho que não preciso mais de tratamento. Não com medicação. Mas da psicanálise. Mas acho que o motivo principal não é este.

O fato é que a questão sexual está mal resolvida em minha vida. Continuo praticamente virgem. A última vez que fiz sexo, foi com o porteiro. Sexo oral. Mas acho que fiz por necessidade. Por desespero. Desculpem, mas serei, a partir de agora, mais direto na palavras. Vou fazer desse blog uma espécie de analista. Eu chupei o porteiro, ele gozou na pia do banheiro e pronto. Acabou. Não houve troca, carinho, nada. Ele matou o desejo dele. Eu matei o meu. Foi bom? Não sei.

O fato é que, além do sexo, sinto vontade de namorar alguém. Eu tenho 30 anos e nunca namorei ninguém. De trocar carícias. Passar a noite de sábado no sofá, comer pipoca junto. Dormir de conchinha. Trocar olhares. O fato é que não dá. Porque até pra namorar tem que ter sexo. E eu acho o meu pênis muito pequeno (eu já fui no urologista, ele mediu!, tem 20 cm duro, mole depende do dia) e, por mais qu eme digam que pênis não é tudo ou que o tamanho é normal, eu não acho. Mas acho que esse lance de achar o pau pequeno tem a ver com algum trauma do passado, só pode ser. Não é possível que eu não consiga superar isso.

Procurei, semana retrasada, um terapeuta cognitivo-comportamental. Ele mandou eu fazer, como primeiro exercício, uma lista com as coisas que eu gostaria de fazer e com as que eu já faço e colocar, todos os dias em que eu fizer, o nível de satisfação e realização. Ok, tenho vontade de, por exemplo, dirigir. Mas só isso não basta. Imagina se eu colocasse transar. Então, como iria fazer sexo? Procuraria um michê? Encheria a cara e faria sexo com o porteiro ou o taxista (sexo oral, sempre) ou transaria com o terapeuta? Então eu acho que esse lance de terapia cognitivo-comportamental não é pra agora. Não está na hora. Eu sei, não se resume a este exercício. Mas fiquei assustado. O fato é que estou precisando resolver essa questão sexual. Algo travou. Eu deveria estar no psicanalista, mas estou aqui. Talvez eu consiga escrever tudo o que sinto aqui. Talvez essa seja a melhor terapia que existe. Eu não sei se já escrevi anteriormente, mas vou escrever sobre um sono (?) que eu tive. Ele pode me explicar o que sinto. Minha situação atualmente. Mas é um sonho pesado. Forte mesmo. Vou deixar pra depois.

    ...

Não posso prometer, mas espero que eu não abandone o blog mais. Que pena. Peço desculpa aos antigos leitores. Será que alguém visita o blog de vez em quando? Sempre desisto das coisas na vida. Mas o blog eu tenho que tratar como um filho. Cuidar bem. É que me dei conta ontem, quando lembrei que esse blog existia, que talvez ele tenha sido essencial para a minha melhora. Pois foi a partir dele, que tive coragem de fazer outro blog e conheci novas pessoas. Passei a sair. A minha vida ficou um pouco mais colorida.

...

Em breve, morarei sozinho. Tô com medo. Mas conto essa história em outro post também.

Tudo devagar - publicado em 16/01/2010

Em primeiro lugar, estou 10 kg mais magro. Lógico, sinto-me mais vaidoso, mais feliz e literalmente mais leve. Durante esses quase 30 dias internado em um SPA, posso dizer que estou me conhecendo melhor. Uma coisa que percebi nitidamente, como nunca havia percebido antes, é a minha constante alteração no humor. Se em um dia estou cansado, sem vontade de fazer nada, no dia seguinte estou elétrico, a mil, bem humorado, quase que não me reconheço. É como se eu tivesse duas personalidades. Sempre suspeitei disso, mas desta vez está nítido para mim. Até cheguei a pensar, será que o que tenho é depressão? Existem vários tipos de depressão, mas o que eu tenho na real?

Em casa, junto com meu pai e minha irmã, naquele ambiente já familiar, na cidade onde nasci e que eu sei perfeitamente como a rotina funciona, parece tudo tão tranquílo, tudo tão calmo. Parece mesmo que sou refém das minhas "paranóias" e, então, fico trancado em meu apartamento, esperando a morte chegar. Já aqui no SPA, depois de alguns dias, já sei a rotina do local, mas não posso me dar ao luxo de, por exemplo, dormir o dia todo, pois tenho que levantar para comer. Então algumas coisas mudam.

Mas veja, por exemplo, hoje... Hoje acordei cansado, voltei a dormir e recebi a ligação do meo personal trainer desmarcando o nosso treino que aconteceria agora de tarde. Pronto, a desculpa ideal para eu não fazer nada. Poderia ficar e bobeira numa boa, aqui no meu canto, ouvindo os pássaros, lendo um bom livro. Mas parece que hoje acordei com preguiça de pensar. Tudo fica mais lento... Vou ficando por aqui. Tá tudo lento mesmo...

Respeito por mim mesmo - publicado em 07/01/2010

Olá leitor(a)! Como foi de réveillon? Espero que tenha ido bem. Por aqui tudo ótimo! O meu humor mudou bastante. Sinto-me mais confiante, feliz, estou interagindo mais com as pessoas. Mudou o grupo de pessoas que estavam aqui no SPA. Tinha um casal que eu havia me apegado bastante. Na noite anterior a partida deles eu fiquei bem balançado. Mas é impressionante como o ser humano tem capacidade em lidar com perdas, despedidas... E eu não fujo à regra. Sou forte. Embora muitas vezes eu não me dê conta disso. E esse processo começou a surgir aqui dentro do SPA. Como serão as coisas lá fora, sinceramente, ainda não sei. Vai tudo voltar ao normal? Ficarei enclausurado, recluso em meu quarto? Espero que não.
Só sei que este talvez seja o primeiro ano em que começo pondo em prática desejos, metas. Sim, estou me dando ao luxo de reestabelecer metas. Logo eu que pensava ter abandonado metas.
Mas por que tudo parece estar diferente? O que aconteceu durante esses dias em que estou aqui. Que processo é esse que se desencadeou dentro de mim e que parece, pelo menos por esses dias tem parecida assim, irreversível? Houve boa vontade, muita vontade mesmo de vencer os meus limites. Só eu sei como foi árdua a luta contra um cansaço que cismava em me acompanhar. Ainda sinto cansaço, principalmente pela manhã. Mas credito este cansaço ao meu relógio biológico. Mas voltando às mudanças de atitudes que eu considero essenciais para as minhas mudanças, um fator relevante, talvez o mais relevante, foi a imensa fé! Fé em Deus, fé na vida! Sempre com a cabeça voltada para a espiritualidade. Esse contato com a terra, com os animais, com a vida, tem me ajudado muito.
Outro dia estava um pouco triste, parei na beira da piscina, atrás fica um bosque, por detrás, via a cidade e suas luzes. Naquele exato momento pensei: quanto tempo de minha vida eu perdi trancado em meu quarto, triste, isolado. Tem um mundo lá fora! Então nem me dei ao desplante de reclamar por estar internado em um SPA. Primeiro, foi opção, escolha minha, segundo, se estivesse em casa, estaria em frente ao PC, em algum chat, em frente à TV, vendo um seriado ou dormindo. Deixando a vida passar. Aqui não, pensei, aqui estou vivendo. Mas, para viver com mais intensidade, devo me dar ao outro, me abrir para receber a energia do próximo. E eu consegui. Tenho conseguido. Tenho achado a maioria das pessoas simpáticas, legais. Tenho sido quem eu sou. Respeitado os meus momentos calado, respeitado os meus pensamentos e agido de acordo com a minha consciência.
Um exemplo bem interessante de como estou me respeitando mais, foi quando postei uma brincadeira com uma foto de Papai-Noel e minha irmã, ao telefone, disse que achava que eu não deveria ter feito tal brincadeira, que estava me expondo. Resolvi não ligar, primeiro porque todos sabem que sou gay e essa brincadeira não teve nada demais, não foi uma espécie de autoafirmação, como ela quis insinuar, foi uma brincadeira, como qualquer pessoa faria, seja hétero ou gay, aliás isso é o que menos importa. Eu sou o que sou. Se estava me sentindo livre para postar uma brincadeira, qual é o problema? Nenhum! O problema era dela. Como eu não perguntei nada a ela, como eu não cometi crime, como a minha consciência estava livre e limpa, não liguei. E este ano eu quero isso. Ser eu e ser respeitado. Mas para isso, preciso me respeitar. E estou começando a fazer isso. Começando a descobrir o meu valor. Está sendo muito bom. Esse assunto não acaba por aqui. No próximo post vou escrever mais sobre o respeito! Respeito por mim mesmo!

A vida não para - publicado em 28/12/2009

Impressionante como a oscilação de humor está sendo constante em mim. Nunca havia percebido isso antes. Agora, sozinho há quase 10 dias fico pasmo de ver. Hoje, por exemplo, não estou legal. Passei a manhã quase toda dormindo, trancado no quarto do SPA. A enfermeira, que queria me perguntar algo, entrou em meu quarto, pois eu havia deixado o telefone fora do gancho. Estou sentindo um tédio enorme. Estava me sentindo muito cansado. Agora, somente um tédio. Não sei explicar.

Tenho rezado, tenho feito imagens mentais, ontem, fiz terapia ayurvédica, um dia até mergulhei na piscina, na frente de todos. Logo eu, que nunca fico sem camisa na frente das pessoas. Tenho agido com mais naturalidade. Conversado com Deus? Constantemente. Peço a Ele para que faça com que eu me abra para a vida. Mas o fato é que tenho depressão e fica impossível viver como se não tivesse. Não, eu não me enxergo somente como um depressivo. Longe de mim cair nessa armadilha. Mas essa força estranha, negativa, me impulsiona para baixo, me derruba, me detona. Estou ingerindo menos de 700 calorias e, só para você ter uma ideia, tiveram dois dias em que eu não saí do quarto para lanchar. O sono, o cansaço eram maiores. Não sei se é medo. Antes de vir para cá achava que tudo se resumisse ao medo. Mas acho mesmo que é algo químico. Que independe de mim.
Agora vou fazer um esforço e caminhar na esteira por uma hora. Depois, marquei de cortar o meu cabelo e uma drenagam à noite. Faltam vinte e poucos dias para eu ir embora daqui. Às vezes, me bate uma vontade enorme de me mandar. Mas aí eu penso: isso será um atestado de fraqueza, de covardia. E eu não quero mais estar na posição de vítima das circunstâncias. Também, se eu voltar, não terei absolutamente nada para fazer. Os mesmos assuntos, tudo igual e certamente voltarei aquele círculo vicioso de antes.

E tenho sonhos. Sonhos de, quando eu sair daqui, voltar a correr atrás do que eu gosto. Eu adoro aula de música, tenho vontade de voltar a fazer aula de canto. É o que me faz bem. Meu avô cismou que quer montar uma empresa e quer que eu seja sócio dele. AInda não estou pronto para isso. Na volta, terei que deixar bem claro isso. Metas para 2010: terminar a faculdade, continuar a fazer exercícios físicos (com personal, pois ajuda) e fazer aula de canto. Além disso, continuar a tratar da minha mente E só. É o que eu consigo. Se conseguir isso, será um lucro enorme. O que vier, além disso, será ótimo. Mas é nisso que eu penso. Melhor do que no ano passado, em que passei sozinho e não tinha meta nenhuma.
É complicado. É bem difícil viver com depressão. Mas a vida não para. Então, dentro do possível, vou em frente.

Sono e outras coisas mais - Publicado em 27/12/2009

Ontem foi um dia totalmente diferente, onde me senti mais disposto. Fiz três horas de exercícios físicos e me senti muito bem. Fiz até hidroginástica! Logo eu, que detesto ficar sem camisa na frente das pessoas. Pensei, eu não conheço ninguém, ao sair daqui, cada um seguirá a sua vida, então por que sofrer? E realmente valeu a pena não sofrer. Porque a aula foi boa. Porque foi um exercício de superação e porque me senti muito, mas muito bem depois! Liguei para o meu pai e meu irmão, para contar a novidade. À noite foi bem bacana, pude conversar com algumas pessoas que estão hospedadas no SPA. Cantamos, tocamos violão e falamos sobre nossas vidas. Aqui, estou sendo tratado feito homem. E estou acreditando um pouco nisso. Sim, posso dizer isso sem medo. Acho que já me dei conta de que realmente estou no SPA. Acho que já me dei conta de que essa foi uma escolha minha.

Interessante notar como demoro para me dar conta de certas coisas. Muitas vezes tenho a sensação de que o que estou vivendo não é realidade. É como se fosse um conto de fadas e tivesse prazo de validade. É como se eu não tivesse direito à alegria. Por exemplo, quando vou ao cinema ou faço algo que há tempos gostaria de ter feito mas, por medo, insegurança, não faço com tanta frequência. Quando acaba, quando estou de volta ao meu ambiente, ou seja, ao meu apartamento, tenho a sensação de que vivi um sonho. Aí eu penso, caramba, eu fiz isso? Era eu mesmo? É estranha demais essa sensação e difícil de descrever.

O fato é que estou começando a me dar conta de que sou eu que estou aqui. Como vou ficar até mais da metade de janeiro, tenho tempo suficiente para acreditar que estou aqui mesmo. Acho que me acostumei a não tomar a rédeas da minha. Acho que me acostumei a viver dentro de uma bolha, superprotegido pela família. É um cuidado excessivo. É cômodo. Mas sufoca e, absolutamente, não é saudável.

Hoje estou com o humor bom, mas estou muito cansado. Não sei porque, mas estou me sentindo esgotado. Mais cedo, pela manhã, pensei rapidamente, puxa vida, as pessoas com as quais estou acostumado vão todas embora antes de mim. Pode ser que isso, inconscientemente, tenha afetado o meu humor. Mas eu consegui malhar. Tem um rapaz bem legal, que sempre conversa comigo e abre um sorrisão para todos que chegam no ginásio para malhar. É um grande incentivo. Depois, tomei banho e dormi bastante. Acordei para fazer as refeições. mas continuo com sono. Troço esquisito.

Segue em frente - publicado em 25/12/2009


Hoje estou o dia inteiro no quarto. Passei a manhã dormindo. Pior que amanhã de manhã, serei acordado às 07h15 e se não levantar até às 09h, nada de café-da-manhã. Nem peguei o meu lanche de manhã. Tomei café e voltei para dormir. E olha que a noite de ontem foi boa. Minha irmã me fez uma rápida visita surpresa. Depois fiquei e o resto do povo que está no SPA em uma roda de vilão. Alguns foram dormir.
O fato é que hoje estou baixo-astral. Desde o dia 23 que estou assim. Estou tentando segurar a barra. Posso passar todos os dias aqui sem praticar exercício, mas não é esse o meu objetivo, porque o tempo demora pra passar quando estou sem fazer exercício. Não tenho nada de interessante para fazer. Porque os canais de filme da TV por assinatura são bloqueados. Sei lá, até arrumei alguns amigos. Mas sinto que não sou tão popular quanto eu gostaria de ser.
Por exemplo, hoje cheguei para almoçar e tinha uma mesa grande arrumada, por causa do Natal. Aí eu cumprimentei o pessoal que estava lá do meu jeito, mais calado, introspectivo e fui direto para a parte da mesa onde tinham quatro pessoas que eu conheço mais. Depois de um tempo, as duas mulheres sairam. Fiquei eu e um cara. Ficamos em silêncio, enquanto comíamos a salada. Parecia que o tempo não passava, mas procurei manter a naturalidade. Vai ver é o meu jeito e o jeito do cara. Vai ver somos mais calados. Aí veio o prato principal e eu procurei puxar assunto. O cara foi simpático e tal. Mas me respondeu quase que monossilabicamnte, depois se despediu e levantou. Eu fiquei lá. Até aí, tudo bem, porque ficar sentado a mesa depois de terminada a refeição em um SPA é um pouco complicado mesmo. Só que aí ele parou na mesma mesa, um pouco a frente, onde tinha um casal recém-chagado e puxou assunto, ainda ficou um tempo conversando. Caramba! Comigo ele quase não conversou. Será meu jeito? Será que estou cismado? Será que foi algo natural e eu encasquetei com isso?
Ontem, também, durante a ceia, estávamos todos juntos. E, até pelo o meu jeito de me vestir - gosto de usar roupas diferentes - percebi que um dos rapazes da recreação percebeu algo diferente em mim. Devo ter um jeito mais feminino. Sei lá. Aí ontem, dois caras da recreação dançaram juntos, como se fossem gays e eu logo pensei: deve ser comigo, devem estar debochando de mim. Depois, mais tarde, porque as brincadeiras continuaram, pensei, não, isso deve ser uma preocupação minha. Acho que não estão fazendo nada.
Veja bem, eu me aceito como sou, aceito a minha depressão, aceito a minha homossexualidade. Mas, muitas vezes, acho que as pessoas, que parte do mundo está contra mim. Tenho dificuldades em  perceber, mas me armo parante o mundo.
Quem acompanha o blog sabe que eu fui vítima de bullying durante anos. E isso, naturalmente, deixa sequelas. Além disso, meu pai pegava no meu pé. Nós discutíamos muito o tempo todo e minha mãe sempre me dizia para não contraria-lo, que era melhor assim. Mas eu precisava me expressar, mostrar meus sentimentos. Minha mãe também me defendia muito, quando eu e meu pai brigávamos. Aí ela brigava com ele. Então eu me sentia culpado. Era como se eu fosse responsável pelo relacionamento conturbado dos dois. Mas as coisas não funcionam assim. Hoje sei separar as coisas, mas na época não sabia. Então eu achava que tinha algo errado comigo, que eu era o causador de todos os problemas da família.
Além disso, tinha o fato de eu brigar muito com meus irmãos. Eu era uma peste em casa. Sempre causava confusão. Precisava mostrar as pessoas que algo não ia bem comigo na escola, onde eu era alvo de piadas, vítima de humilhações constantes, muitas vezes com o aval dos inspetores e professores. Só que ninguém percebia nada lá em casa. E eu não tinha a consciência de que o meu comportamento era por causa disso. E eu me sentia culpado, chorava, tentava mudar o meu jeito. Eu pensava, meu pensamento vai mudar hoje, só depende de mim. Eu me esforçava. A minha mãe passava pra gente que só dependia da gente mudar. Eu tentava. Pensava, hoje vou estar mais calmo. Era um esforço enorme. Mas eu não conseguia. Aí vinha a decepção. Eu pensava, hoje vou falar na escola, vai dar tudo certo. Mas dava tudo errado. Era uma tortura ir à escola. Eu não conseguia me relacionar com a maioria das pessoas. Eu apanhava, era xingado, passavam a mão na minha bunda ou enfiavam o dedo no meu  ânus por cima da bermuda, cantavam músicas me ridicularizando, me batiam no rosto. Um dia, um auxiliar mandou eu sentar na frente, atrás de uma menina. Ela deu um escândalo. Ela disse ao berros, para a classe toda ouvir, que não iria sentar na frente de um anormal. Disse que eu era lixo etc. O Auxiliar não fez nada. Eu fiquei com tanta vergonha que em uma noite de Natal, ao acordar, tive a visão dessa menina entrando em meu quarto e me dando um tapa no rosto. Eu senti a mão dela forte em meu rosto.
Hoje sei que isso tudo me afetou. Eu ando meio armado por causa disso. Hoje tenho a consciência de que somos todos irmãos e estamos neste planeta de expiação de passagem, para cumprirmos nossa missão. Mas mudar totalmente, deixar o que ocorreu no caminho é complicado, acho que é impossível. Eu pensava, quando criança, o tempo vai passar, serei um artista famoso, reconhecido e tudo isso vai ficar no passado. Esses que me humilham, irão me ver brilhar. E nada disso aconteceu. Pelo contrário, um dos caras que mais me humilhavam virou uma personalidade famosa e querida pelo Brasil. Eu não consegui caminhar.
Estou no SPA tentando cuidar de mim. Estou me esforçando para melhorar. Faço terapia, me medico através do psiquiatra, mas um Anjo Mal, uma melancolia, uma tristeza, um pessimismo teimam em me acompanhar. Preciso aceitar isso e tentar viver assim? Preciso lutar para mudar, mesmo não me sentindo tão forte? Será que a minha luta tem sido suficiente? São dilemas que tento solucionar, enigmas que tento decifrar. Enquanto isso a vida segue. O tempo não para.


http://www.youtube.com/watch?v=je-RTYbzoEk&feature=player_embedded

O vídeo acima fala um pouco sobre o que eu escrevi. A vida não para...

Novamente - publicado em 23/12/2009


Estive ausente por alguns dias e tenho motivo. Resolvi tomar uma decisão difícil, mas que julgava necessária: internei-me em um SPA. Não somente para emagrecer, mas também para entrar em contato comigo, com a natureza, enfim, me encontrar. Estou em uma busca de um sentido maior para a vida. E esse auto-conhecimento é necessário. Antes, consultei um astrólogo. Ele foi um pouco duro, sei lá, talvez eu estivesse esperando palavras amenas. Mas ele me disse uma coisa interessante. Explicou, na linguagem astrológica que tenho uma forte ligação com a minha casa e a minha família. E isso não deixa o "menino" virar "homem". Nesse ponto, ele tem razão.


Ficar trancado em casa não estava me ajudando. Logo que cheguei ao SPA, foi difícil. Estava vazio. Fui para o quarto e confesso que foi uma noite difícil. Senti medo, melancolia, uma sensação estranha e inominável, algo como, caramba, agora sou eu. Mas não estava me sentindo eu, totalmente. Sentia como se estivesse aqui no automático. Então, elevei meus pensamentos e procurei aceitar que era, sim, eu. E que eu precisava me desarmar para me sentir mais inserido no ambiente. Acho que por muito tempo só senti hostilidade por parte das pessoas. Não recebia informações positivas a meu respeito. Hostilidade na escola, hostilidade por parte do meu pai. E minha mãe, com a melhor das intenções, me ensinava que não era correto "contrariar" o meu pai. Meu pai pegava no meu pé pra caramba. Ele não aceitava o meu jeito. Acho que ele percebia indícios de que eu era diferente. Hoje em dia eu percebo um jeito mais feminino em mim na minha infância. Mas na época eu nem me dava conta disso. Estava simplesmente sendo eu. Mas voltando à minha mãe, ela me ensinava que eu não devia contrariar o meu pai, que me criticava o tempo todo. Então na minha cabeça era como se eu estivesse errado. Na época eu sabia que estava certo em brigar para ser respeitado. Eu acho até hoje que quem me perseguia era meu pai. E durante a minha infância eu tinha a proteção da minha mãe. Sempre que meu pai brigava comigo, ela se metia. Eu me sentia culpado. Ela me defendia e os dois brigavam. Eu achava que era o responsável por aquilo. Era muita responsabilidade para uma criança.


Só sei dizer que depois que minha mãe morreu eu já estava sem a proteção dela. É que durante a doença dela, algo se desencadeou e ela se afastou muito de mim. Ela me culpava pelas coisas, enfim, estava totalmente afastada. As últimas palavras que ouvi de minha mãe foram, enquanto ela estava cheia de dor, antes de ir para o hospital: quero descontar toda a minha raiva em você. Ela tentou me bater, mas não doeu. Ela não tinha mais força. Mas essas palavras me acompanham e mexem comigo, profundamente, até hoje. Para completar, meu pai me contou que, enquanto ela estava doente, ele contou a ela sobre a minha homossexualidade. Eu não tive a oportunidade de fazer isso. Ela estava doente e eu não queria preocupa-la. Então tenho minhas dúvidas se isso contribuiu para que ela se afastasse de mim. Minha mãe tinha colegas gays, parecia não ter preconceito. Mas eu me lembro uma vez, quando eu resolvi sair com uma camisa megaestampada e ela disse que não iria a um aniversário comigo, se eu fosse vestido daquele jeito. Então fica na minha cabeça: será que minha mãe me aceitaria hoje em dia?


Essa resposta eu jamais terei. Já ouvi de mais de uma pessoa que, sim, ela me aceitaria, mas isso eu jamais saberei. O que posso garantir é que eu não mudaria o meu jeito, nem por ela. Porque não foi escolha, porque eu sou assim, Deus me fez diferente em vários aspectos e isso não é um defeito. Não é uma qualidade. Simplesmente sou assim.
Então, voltando um pouco, quando minha mãe morreu, lembro-me de ter chorado muito à noite, conversando com meu pai. Era um choro de desespero. Eu me perguntava como iria conviver com ele. Logo nós que sempre no demos tão mal. No início ele até que se esforçou. Mas a natureza dele é difícil. Então, meses depois ele já estava com uma namorada lá no nosso ap. Ele saia, se divertia. Meus irmãos começaram a sair. A vida seguia. E eu fui me afundando. Me anulando para agradar o meu pai. E me afundando no álcool. Foi um período muito difícil. Passou, mas deixou marcas. Eu tive que recomeçar. Meu pai não confiava mais em mim, por causa dos excessos com o álcool e acho que, também, porque ele é meio sádico.


O fato é que estou aqui, internado em um SPA. Vou passar um mês. Para me encontrar. Para seguir adiante. Meu pai e a namorada dele, uma outra, não aquela antiga, ficaram muito felizes quando eu disse que viria. Foi uma decisãpo repentina, atá agora não sei como fiz isso. Mas sabe, acho que está sendo importante. Mesmo em momentos difíceis como hoje, perto da "noite feliz".