quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Avó materna

Boa tarde! Hoje fiz algo bacana por uma amiga, paguei um remédio dela e perguntei a ela se a irmão dela ainda tinha um remédio que eu havia pago. Eu achei bacana lembrar da irmã dela. Sinal de que não ando tão egoísta assim, mas minha consciência, minha alma, vamos dizer assim, na concepção dos Neuróticos Anônimos, diz que preciso visitar a minha avó.

Marquei de encontrá-la na terça-feira, não fui, não dei satisfação alguma e, para piorar, esqueci que havia marcado. Ela me telefonou à noite, dizendo que ficou preocupada. Então por que estou receoso de visitar a minha avó?

Há mais ou menos um mês ela me perguntou o que ando fazendo e se estou com namorada. Ela não sabe que sou homossexual. Na época em que contei para a minha família, minhas tias optaram por não contar nada a ela e eu não tive coragem. Então ficou um vazio, um enorme buraco em nossa relação. Assim, na base do preconceito, vão se criando os fantasmas. Como o fantasma do suicídio, quando ninguém da família conta que um membro se matou.

E esse fantasma está destruindo a nossa relação, minha e da minha avó. Ela está com 94 anos. Não posso permitir que isto atrapalhe nossa relação. Então o que fazer? Não sei. Mas acho que enfrentar isso é a melhor coisa. Ir lá. Sem receio (difícil), se expectativa. Ir para dar amor.


Ela já tem 94 anos.

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